Nosso 17º Cinesurpresa foi dia 11 de janeiro no Cine Roxy, no Gonzaga em Santos. Os concorrentes da noite foram: Sete Vidas, A Troca, Se Eu Fosse Você 2 e Guerra dos Mundos. O vencedor: A Troca, filme de Clint Eastwood que concorre a 3 categorias no Oscar deste ano sendo: Melhor Atriz (Angelina Jolie), Melhor Direção de Arte (James J. Murakami e Gary Fettis) e Melhor Fotografia (Tom Stern).
Neste nosso encontro tivemos a participação de 16 pessoas que fizeram com que A Troca tivesse uma média de nota de 8,8 fazendo com que ele ficasse em 5º lugar em nosso ranking surpresa (veja no quadro na coluna ao lado). Destas 16 todas gostaram do filme mas 6 pessoas não veriam novamente.
O grupo era formado por: André Leite, Beatriz França, Camila Micheletti, Cláudia Busto, Deborah Okida, Durval Moretto, Eduardo Ricci, Fabio Machado, Glauce Guimarães, Gustavo Pereira, Ivete Ribeiro, Izabella Freitas, Priscila Rodrigues, Renier Pamplona, Ricardo Reis e eu, Márcia Okida.
A Troca é um filme que mostra 3 casos reais que se entrelaçam e que ocorreram em Los Angeles, Riverside, Califórnia, entre 1928 e 1930: a grande crise de corrupção pela qual passou a polícia de Los Angeles; a série de assassinatos de jovens rapazes conhecido como “Wineville Chicken Coop Murders” e o desaparecimento de Walter Collins, filho de Christine Collins (Angelina Jolie) um garoto de 9 anos que em seu suposto resgate foi trocado por outra criança, Arthur J. Hutchins Jr, pela Polícia de Los Angeles, mas que depois se descobriu que havia sido umas das vítimas do “Wineville Chicken Coop Murders”, Gordon Northcott e Sarah Louise Northcott.
O filme possui uma direção de arte que recria perfeitamente a época mas, o filme, deixa a desejar em alguns pontos, como até algumas passagens reais existentes na história, uma “liberdade poética” de Clint Eastwood, talvez, mas isso não diminui o filme.
O Melhor e o Pior do filme para cada um dos participantes.
O Melhor:
André: a perseverança e os valores morais que poucas pessoas conservam diante das adversidades • Beatriz: a história • Camila: a ótima fotografia • Cláudia: a lutas das mulheres • Deborah: sempre lutar pela verdade e a iluminação e cores sempre frias e sóbrias • Durval: tenacidade • Eduardo: a coragem da mãe • Fabio: atuação, direção e roteiro • Glauce: a justiça ter sido feita • Gustavo: a resolução global dos fatos • Ivete: ocorreu esse fato em 1928 e embora o filme seja desta época a história é bem atual, achei isso o máximo do filme • Izabella: uma história simples e bem contada • Priscila: Angelina Jolie que está ótima no filme, os lugares escolhidos para a filmagem, figurino que passaram bem a realidade • Renier: não opinou • Ricardo: a justiça seja feita.
O Pior:
André: a corrupção existente nos pilares da sociedade • Beatriz: o andamento do filme • Camila: um pouco extenso demais • Cláudia: a vida das mulheres • Deborah: saber que tudo aquilo aconteceu de verdade e como as instituições são hipócritas • Durval: o chefe de polícia não admitir os erros • Eduardo: a corrupção policial • Fabio: a duração do filme (poderia ter acabado na cena do julgamento) • Glauce: assistir um filme que foi uma história real • Gustavo: a maneira de se intercalar dinamicamente os acontecimentos • Ivete: a cena entre Angelina Jolie (a mãe) e o assassino • Izabella: faltou falar sobre a história da época • Priscila: algumas cenas longas e cansativas e algumas desnecessárias • Renier: a sensação de perda • Ricardo: que Deus tenha pena de sua alma.
Para mim o melhor do filme esta na direção de arte, já havia achado perfeito todo o clima e reconstituição de época e depois de ver a foto da verdadeira Christine Collins fiquei ainda mais apaixonada, achava realmente que deveria concorrer também a melhor figurino e direção de fotografia, que também é impecável com seu clima, luz sempre sombrias, muitos cinzas e tons terrosos. Mas como melhor figurino eu aposto mesmo em A Duquesa, filme de nossa edição anterior. Veja abaixo a foto da verdadeira Christine e de Angelina Jolie e reparem na perfeição de reconstituição de detalhes, como exemplo de toda a ótima direção de arte e figurino, ao lado o verdadeiro Walter Collins e uma foto do ator que faz o assassino e o real.
Quanto ao pior do filme sem dúvida é o tempo, a edição e montagem que por vezes deixa o filme cansativo e longo demais. Cenas desnecessárias e cortes também desnecessários. Um formato mais enxuto daria um resultado melhor.
E fora o filme, a história me incomodou terrivelmente, saber que tudo aquilo foi real, que um ser humano é capaz de tais atrocidades é realmente incômodo. Me incomodou tanto que sonhei, na verdade tive pesadelos, com aquelas séries de assassinatos. Mas a proposta do filme era essa e foi: frio, duro e direto como outros filmes de Eastwood.
Identificou-se com algum personagem?
André: Christine Collins, pela perseverança e esperança de encontrar a verdade • Beatriz: não • Camila: Christine, pela obstinação e incansável desejo de ter o filho de volta • Cláudia: não, porque não consigo me imaginar vivendo tanta repressão • Deborah: com o investigador que não faz o que o chefe de polícia mandou, mas sim seguiu os seus princípios • Durval: Sra. Collins • Eduardo: Walter Collins • Fabio: não • Glauce: com a prostituta, porque sempre sou muito forte para ajudar o próximo e nem tanto para resolver os meus problemas e no final suportou tanto ou mais que a própria Christine • Gustavo: com o policial que, mesmo num meio corrupto, tenta agir corretamente. Esse tipo de proposta situacional acontece todos os dias, portanto é válido observar bons exemplos • Ivete: me identificar não sei, mas fiquei mobilizada com as crianças no galinheiro prestes a serem mortas • Izabella: não • Priscila: de alguma maneira com a Christine por não desistir de seus ideais e lutar até o fim • Renier: não • Ricardo: com Christine, a força de vontade transborda de todos os seus poros.
Qual o figurino você mais gostou?
Eduardo, Beatriz, Durval, Izabella, Priscila: Christine Collins • André: Christine porque remete fielmente a época dos anos 30 • Camila e Renier: os chapéus de Christine diferentes e charmosos • Cláudia: Christine, porque era elegante • Deborah: Christine, bem caracterizado com a época e com a situação vivida por ela • Fabio: gostei de todos, recriaram fielmente o vestuário da época • Glauce: todos porque retratam fielmente a época • Gustavo: a farda do chefe de polícia. Lembra-me que quanto maior a confiança da sociedade em uma pessoa, maiores são as responsabiliades sobre a sua delegação e a consequência dos atos dela • Ivete: o figurino dos meninos, pricipalmente de Walter Collins • Ricardo: Christine, sobriedade e elegância.
Uma cena do filme:
André: a cena onde Christine confronta o assassino na prisão • Beatriz: o depoimento do garoto que ajudou o assassino • Camila: todas do manicômio, sombrias e muito densas • Cláudia: Christine em contra luz, conversando no quarto com a criança que estava substituindo seu filho • Deborah: a cena da libertação das mulheres, no momento da troca de olhares entre Christine e a prostituta • Durval: o enforcamento • Eduardo: quando a mãe sai para trabalhar e o filho a observa pela janela • Fabio: as cenas da personagem no sanatório e o menino relembrando os assassinatos • Glauce: quando mostra a retrospectiva de Walter Collins fugindo • Gustavo: as partes finais do julgamento • Ivete: os pacientes do hospital sendo submetidos a convulsoterapia, e a frieza do médico em dar o diagnóstico irracional • Izabella: quando Christine foi falar com o assassino • Priscila: a cena quando as mulheres foram soltas, o sorriso no rosto de Christine do dever cumprido • Renier: na porta do hospital psiquiátrico quando Christine observa a saída de suas ex-companheiras de confinamento • Ricardo: todas as cenas que incomodam, dão uma nó na garganta, a vida nem sempre é perfeita.
Eu me identifiquei com o investigador que mesmo recebendo ordens contrárias de seus superiores faz aquilo que seu coração e consciência e, no meu caso, espírito mandam em busca sempre do que acha certo. Sobre o figurino eu já falei antes e a minha cena, bem são muitas as cenas marcantes mas me tocam mais duas delas: a do garoto Sanford Clark quando dá o seu depoimento sobre as mortes e, mais ainda, a cena em que ele é obrigado a desenterrar os garotos assassinados.
Esse filme fez com que uma outra pergunta fosse feita: Você condenaria alguém a pena de morte? Você é contra ou a favor? E ficamos bem equilibrados nas respostas, tivemos 8 pessoas contra, 6 a favor e duas não opinaram.
Eduardo, Ivete: não opinaram • André: sou a favor, sim condenaria para intimidar a impunidade • Beatriz: contra, não condenaria, qualquer vida é sagrada e tem seu valor • Camila: favor, condenaria acusados de genocídios e crimes como o do filme merecem punição máxima • Cláudia: contra, não condenaria, pois acredito que quem comete algum crime tem que pagar em vida • Deborah: sou contra, não condenaria • Durval: contra • Fabio: eu não condenaria, mas acredito que o Estado poderia adotar a pena de morte em situações extremas e específicas • Glauce: sou a favor da pena de morte • Gustavo: contra, não condenaria, pois há medidas que poderiam ser bem mais frutíferas para todos os envolvidos • Izabella: a pena de morte é o castigo mais fácil para quem dá e para quem recebe. Sou contra • Priscila: sou contra, a pessoa tem que pagar por seus crimes e ser punida devidamente. Morrer é deixar o processo mais curto • Renier: a favor e sim condenaria o casal Nardoni • Ricardo: a favor e sim condenaria se fosse por um crime muito hediondo • E eu: não condenaria, sou contra, acho que todos tem direito a vida, não viveria tranquilamente se soubesse que tive participação mesmo que indireta ma condenação de alguém a morte. Acredito que existem penas mais duras do que a pena de morte para crimes hediondos como o do filme. A morte termina com tudo até com a punição. O criminoso morre, não sofre, não paga pelos seus atos e a sua morte não traz ninguém de volta a vida.
Antes da frase final de encerramento sobre o filme, alguns fatos reais que não foram mostrados:
• Gordon Stewart Northcott, o assassino, não cometeu os crimes sozinhos tinha uma cúmplice sua mãe (que depois descobriu ser sua avó) Sarah Louise Northcott que confessou ter matado Walter Collins em seu julgamento e foi condenada a prisão perpétua por isso.
• Gordon Stewart Northcott no dia de seu julgamento confessou o assassinato de 5 meninos e descobriu que havia nascido de uma relação de incesto de seu pai com a filha. Sara assumiu a maternidade para esconder o incesto. No dia do julgamento também foi dito que Gordon havia sido molestado sexualmente quando criança por todos da família.
• Christine Collins ficou presa no hospital psiquiátrico por 10 dias e só foi liberada porque Arthur confessou. Depois disso ele foi devolvido a madrasta (sua mãe morreu quando tinha 9 anos) e passou 2 anos em uma instituição de correção. Mais tarde escreveu “Sei que devo um pedido de desculpas a Sra. Collins e ao estado da Califórnia.” Arthur J. Hutchins Jr se fez passar por Walter Collins, realmente pensando em conhecer seu astro do cinema favorito.
Para encerrar, uma frase sobre o filme:
André: é árdua a tarefa de sustentar seus valores perante a corrupção e o mau caratismo.
Beatriz: extremamente forte a ponto de contrair os nossos músculos.
Camila: um bom filme, com uma história interessante e boas atrações.
Cláudia: a história só mostra o quanto é difícil ser mulher.
Deborah: só uma palavra esperança.
Durval: não provocar brigas, mas terminá-las.
Eduardo: vida longa as mães!
Fabio: uma história que não fala apenas sobre lutar por nossas crenças ou contra uma sociedade de aparências, mas também sobre perda e aceitação.
Glauce: “não entre em uma briga, mas se estiver nela, termine.”
Gustavo: na história, todos os esquemas interpessoais cujo tronco central não reverberava bons propósitos, cedo ou tarde caiam por terra.
Ivete: a corrupção nas instituições, sempre ocorreu, ocorre e vai ocorrer sempre.
Izabella: intuição materna.
Priscila: nunca desistir, mesmo com todas as adversidade da vida.
Renier: sempre existe justiça para todos, por mais que pareça difícil.
Ricardo: esperança.
Eu fico com a frase que a Glauce usou e que é do filme “não entre em uma briga, mas se estiver nela, termine.”
E queremos agradecer aos nossos parceirosoficiais:
Vídeo Paradiso que dá duas locações gratuitas e a Le Quiche Doré que dá 3 vales quiches, para que a gente sorteie entre os participantes a cada edição.